A menina má
Acabo de ler Travessuras da menina má, de Llosa. Gostei da narrativa, mas Llosa se foi. Foi como ver uma sombra e querer pegá-la. A trama é legal, mas as personagens previsíveis e o pano de fundo político-social está longe da crítica llosiana de textos anteriores.
Não se pode esperar que um escritor seja bom sempre. Veja-se, por exemplo, os autores clássicos. E mesmo Deus criou obras questionáveis, como os seres humanos.
Voltando à terra, o que me incomoda mais no texto é o narrador.
Sou super exigente com narradores. São eles que conduzem a trama, que envolvem, que criam espaços de previsibilidade falsa e de anti-êxtases e todas aquelas angústias absolutamente necessárias a um bom texto.
O narrador protagonista é morno. Sofre de um amor sem cura e vai contando tudo como quem passa pela vida. Certo que ele próprio é uma soma de blasé com pouca percepção. Mas não me segurou, enfim, como leitora e isso é fundamental quando se pede leitura. Narrar é como seduzir. Exige flerte, mesmo que o namoro não aconteça.
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